A maioria das pessoas leva de cinco a dez chaves sempre que sai de casa. Em seu chaveiro, você pode ter várias chaves da casa, uma ou duas do carro e outras do escritório ou da casa de um amigo. Seu chaveiro é uma clara demonstração de quão onipresente é a tecnologia da fechadura: você provavelmente interage com fechaduras dúzias de vezes toda semana. A principal razão de usarmos fechaduras em todos os lugares é que elas nos dão uma sensação de segurança. Nos filmes e na televisão, porém, espiões, detetives e ladrões podem abrir uma fechadura muito facilmente, usando, às vezes, apenas um par de clipes de papel. O mínimo que se pode dizer é que esse pensamento é muito modesto: é realmente possível abrir uma fechadura assim tão facilmente? Neste artigo, vamos ver, na prática, como funciona a violação de fechaduras, explorando a fascinante tecnologia das fechaduras e chaves. Os chaveiros definem a violação de fechaduras como a manipulação dos componentes de uma fechadura para abri-la sem a chave. Então, para compreender a violação de fechaduras, primeiro você tem de saber como as fechaduras e chaves funcionam. As fechaduras se apresentam em todos os formatos e tamanhos, com muitas variações inovadoras no desenho. Você pode ter uma idéia clara do processo da violação de fechaduras examinando uma única fechadura. A maioria das fechaduras se baseia em conceitos bastante similares.
Uma fechadura padrão sem maçaneta: quando você gira a chave, a lingüeta desliza dentro de uma fenda no batente da porta
Para a maioria das pessoas, a fechadura sem maçaneta mais conhecida é a fechadura padrão encontrada na porta da frente. Em uma fechadura sem maçaneta normal, uma lingüeta ou trinco móvel fica embutido na porta e podem ser estendido para o lado de fora. Essa lingüeta fica alinhada com uma fenda no batente. Quando você gira a fechadura, a lingüeta entra na fenda do batente e a porta fica trancada. Quando você faz a lingüeta voltar, a porta fica destrancada. A única função da fechadura sem maçaneta é facilitar a abertura da porta para quem tem a chave e dificultá-la para quem não tem. Na próxima seção, veremos como isso funciona em uma fechadura cilíndrica básica.
Fechadura cilíndrica sem maçaneta, na posição destrancada (em cima) e na posição trancada (embaixo)
A maioria das fechaduras sem maçaneta usa uma fechadura cilíndrica. Na fechadura cilíndrica, a chave gira um tambor, ou cilindro da fechadura, que gira um came (uma peça giratória com um eixo deslocado) anexado. Quando o cilindro é girado para um lado, o came puxa a lingüeta e a porta pode ser aberta. Quando o cilindro gira para o outro lado, o came solta a lingüeta e a mola a movimenta para que a porta fique trancada. Em uma fechadura sem maçaneta, não há mecanismo com mola - o cilindro desliza a lingüeta para frente e para trás. Uma fechadura sem mola é mais segura do que um trinco acionado por mola, pois é muito mais difícil empurrar a lingüeta pelo lado da porta. Dentro de uma fechadura cilíndrica, há uma espécie de quebra-cabeça que somente a chave correta pode resolver. A variação principal na confecção das fechaduras é a natureza desse quebra-cabeça. Um dos quebra-cabeças mais comuns - e um dos mais fáceis de ser violados - é o modelo com pino e tranqueta, mostrado abaixo.
Os principais componentes do modelo com pino e tranqueta são uma série de pequenos pinos de comprimento variável. Os pinos são divididos em pares. Cada par fica assentado num canal que atravessa o cilindro central e o suporte em volta do cilindro. As molas na parte superior dos canais mantêm os pares de pinos na posição dentro do cilindro. Quando nenhuma chave é introduzida, o pino inferior de cada par fica completamente dentro do cilindro, ao passo que o pino superior fica posicionado metade no cilindro e metade no suporte. A posição desses pinos superiores não permite que o cilindro gire. Veja como funciona: Quando você introduz uma chave, a série de entalhes da chave empurra os pares de pinos para níveis diferentes. A chave incorreta empurra os pinos de modo que a maioria dos pinos superiores fica parte no cilindro e parte no suporte, desta maneira:
A chave correta empurrará cada par de pinos o suficiente para que o ponto onde os dois pinos ficam juntos se alinhe perfeitamente com o espaço onde o cilindro e o suporte ficam juntos (esse ponto é chamado de linha de transição). Em outras palavras, a chave empurrará os pinos para cima de modo que todos os pinos superiores ficam inseridos completamente no suporte, e os inferiores ficam completamente dentro do cilindro. Sem nenhum pino do suporte em seu caminho, o cilindro gira livremente e você pode empurrar a lingüeta para dentro e para fora.
Esse modelo simples de quebra-cabeça é muito eficaz. Como os pinos estão escondidos dentro da fechadura, é bastante difícil para a maioria das pessoas girar o cilindro sem a chave correta. Mas, com bastante prática, é possível resolver o quebra-cabeça por outros meios. Na próxima seção, veremos como um chaveiro faz para abrir esse tipo de fechadura.
Os pinos em uma fechadura com pino e tranqueta, quando nenhuma chave é introduzida (em cima) e quando a chave correta é introduzida (embaixo): quando a chave correta é introduzida, todos os pinos são empurrados para cima, ficando na mesma altura e nivelados com a linha de transição.
Há dois elementos primordiais envolvidos no processo de violação das fechaduras:
Hastes de ponta côncava - essas hastes são tubos de metal longos e finos com uma ponta côncava (como o aparelho do dentista). São usadas para alcançar o interior da fechadura e empurrar os pinos para cima.
Alavanca tensionadora - as alavancas tensionadoras são confeccionadas em todos os formatos e tamanhos. Do ponto de vista funcional, elas não são muito complexas. O tipo mais simples de alavanca tensionadora é uma chave de fenda fina.
A primeira etapa para violar uma fechadura é introduzir a alavanca tensionadora no buraco da fechadura e girá-la na mesma direção usada para girar a chave. Isso gira o cilindro, de modo que ele fica levemente deslocado do suporte ao redor dele. Como você pode ver pelo diagrama abaixo, isso cria uma pequena saliência nos eixos dos pinos.
Enquanto você aplica pressão sobre o cilindro, introduza uma haste de ponta côncava no buraco da fechadura e comece a levantar os pinos. O objetivo é levantar cada par de pinos até a posição na qual o pino superior se mova completamente para o suporte, como se fosse empurrado pela chave correta. Ao fazer isso, enquanto vai aplicando pressão com a chave tensionadora, você sente ou escuta um leve clique quando o pino cai na posição. Esse é o som do pino superior encaixando na saliência do eixo. A saliência mantém o pino superior preso no suporte; assim, ele não cairá novamente dentro do cilindro. Desse modo, você move cada par de pinos para a posição correta até que todos os pinos superiores sejam empurrados completamente para o suporte e todos os pinos inferiores fiquem dentro do cilindro. Nesse ponto, o cilindro gira livremente e você pode abrir a fechadura. Conceitualmente, violar fechaduras é bastante simples, mas é uma habilidade muito difícil de se dominar. Os chaveiros têm de aprender exatamente qual é a pressão correta a ser aplicada e que sons escutar. Eles também devem afiar seu tato até o ponto de poder sentir a leve força dos pinos e cilindro móveis. Além disso,devem aprender a imaginar todas as peças dentro da fechadura. A violação de fechadura bem-sucedida depende da completa familiaridade com o modelo da fechadura. Uma outra técnica é a extração. A extração é muito menos precisa do que a verdadeira violação. Para extrair uma fechadura, você insere uma haste com uma ponta mais larga até chegar na parte traseira do cilindro. Então, você puxa a haste rapidamente, de modo que ela jogue todos os pinos para cima quando estiver saindo. Quando a haste sair, gire o cilindro com a alavanca tensionadora. Como estão se movimentando para cima e para baixo, alguns dos pinos superiores forçosamente cairão sobre a saliência criada pela rotação do cilindro. Freqüentemente, os chaveiros começam aplicando a extração sobre os pinos e depois trabalham cada pino individualmente. Fechaduras com núcleo de placas e fechaduras tubulares Na última seção, vimos as fechaduras cilíndricas com pino e tranqueta. Você encontrará esse tipo de fechadura em todos os lugares, desde casas até cadeados. Essas fechaduras são muito populares por serem relativamente baratas - e razoavelmente seguras. Para uma fechadura normal do tipo pino e tranqueta com cinco pinos, existe, aproximadamente, um milhão de combinações de pinos diferentes. Se você considerar a quantidade de empresas e modelos de fechaduras, as chances de um criminoso ter a mesma chave que você são bastante remotas.
Fechadura cilíndrica de pino e tranqueta
Um outro tipo comum de fechadura cilíndrica é a fechadura com núcleo de placas. Essas fechaduras funcionam basicamente do mesmo jeito que aquelas com pino e tranqueta, mas têm tranquetas em forma de placas no lugar dos pinos. Você manuseia as placas exatamente do mesmo modo que os pinos - na verdade, é até mais fácil manusear fechaduras com núcleo de placas porque o buraco da fechadura é mais largo. Alguns modelos usam placas simples em vez de pares de placas. Essas placas são acionadas com molas para que podem se estender para fora do cilindro, prendendo o suporte da fechadura. As placas têm um buraco no centro para que a chave seja encaixada. A chave correta puxa as placas para baixo o suficiente para que todas fiquem recolhidas dentro do cilindro; a incorreta puxa as placas para baixo somente por uma parte do caminho as puxa muito para baixo, fazendo que se estendam até o outro lado do cilindro.
Fechadura cilíndrica com núcleo de placas
Fechaduras com placas duplas têm núcleo de placas nas duas extremidades do cilindro. Para abrir essas fechaduras, você tem de acessar as placas nos dois lados enquanto aplica pressão com a alavanca tensionadora. As fechaduras de placas são encontradas na maioria dos arquivos, armários e carros, e em muitos modelos de cadeados. As fechaduras tubulares oferecem proteção superior às fechaduras com pino e tranqueta e às com núcleo de placas, mas são bem mais caras. Em vez de uma fileira de pinos, as fechaduras tubulares têm pinos posicionados ao redor da circunferência do núcleo do cilindro. Isso faz com que sejam mais difíceis de ser violadas. As técnicas convencionais para violação de fechaduras geralmente não funcionam nesse tipo de fechadura. Algumas fechaduras com pino e tranqueta modificaram os pinos para tornar a violação mais difícil. Na variação mais comum, os pinos superiores têm a cabeça no formato de um cogumelo. Esse formato estranho faz com que o cilindro se desloque antes, de modo que não é possível empurrar o pino superior totalmente para cima. Isso faz com que fique mais difícil colocar os pinos em posição e seja mais difícil perceber pelo tato o que está acontecendo dentro da fechadura.
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