Rádio amador no fim do mundo.
Como Sobreviver

Rádio amador no fim do mundo.


Antes que a ocasião se apresente, já que não se pode prever o início de uma operação desse tipo, convém fazermos uma análise detalhada das condições e da capacitação de nossas estações. Essa checagem providencial não se restringe ao simples funcionamento de equipamentos e sistemas irradiantes, mas inclui todos os elementos indispensáveis para uma operação fora dos padrões normais. Isto é, em situações de ausência das condições usuais e presença de problemas iminentes ainda não detectados. Assim, quando menos se espera, uma oxidação insuspeita num cabo coaxial pode tirar de operação uma estação que poderia ser bastante útil a uma rede, por exemplo. Portanto, seguem-se algumas questões cruciais, que servirão de parâmetro para essa checagem geral:

1) Existe fonte alternativa de energia em minha estação?
Uma fonte de alimentação de emergência pode ser conseguida através de uma bateria comum de automóvel, moto, câmera de vídeo etc. Uma fonte de AC (corrente alternada) extra também é recomendável. Ter essas fontes de reserva sempre à mão, possibilita grande agilidade e maior autonomia para sua estação, não esquecendo de providenciar cabos e conexões apropriados para as mesmas.

2) Que outras fontes de energia poderiam ser usadas?
a) ENERGIA EÓLICA- Um catavento, improvisado com uma hélice de ventilador acoplada a um gerador do tipo usado em faróis de bicicleta e aliado a um pequeno circuito regulador de tensão, carregará satisfatoriamente uma bateria automotiva.
b) ENERGIA SOLAR- Dispositivos de captação e conversão de luz solar em energia elétrica ( painéis solares ), também são muito eficientes nesses casos, salvo em épocas de pouca insolação.
c) GERADORES- À óleo diesel ou gasolina, podem alimentar outras instalações além da estação (ex.: iluminação, refrigeração etc). Os modelos mais recentes são compactos, silenciosos e menos poluidores que os antigos. Entre as fontes citadas, são os mais eficientes e confiáveis.

3) Disponho de antenas de emergência?
Essa é uma precaução primordial. Uma antena sobressalente nunca é demais! Porém, na falta desta, pode-se improvisar um sistema irradiante até com materiais inusitados. Um pedaço de arame, de fio elétrico, ou mesmo um capim verde podem servir como antenas para um HT desprovido de sua antena original, basta que meçam 19’ ( dezenove polegadas ), para que ressonem provisoriamente na faixa de 2 metros (144 MHz), por exemplo. No caso de estações-base, um velho guarda-chuva pode metamorfosear-se numa antena plano-terra, desde que obedeça às dimensões adequadas. Em casos extremos, dipolos feitos com sobras de fios elétricos, pedaços de canos metálicos e até mesmo uma árvore, desde que viva e de boa dimensão, podem tornar-se eficientes antenas de emergência.

4) Disponho de cabo coaxial de reserva?
Ainda que pareça exagero, ter cabo sobressalente não deixa de ser uma boa idéia. Além da referida linha de transmissão extra, nas dimensões, impedância e longitude adequadas, não se deve esquecer de conectores e adaptadores, que possam ligar o cabo reserva à sua estação-base e, ainda, a um HT. Equipamentos de HF podem funcionar, eventualmente, improvisando-se uma linha de transmissão com fio elétrico do tipo retorcido, cuja impedância aproximada é de 75W.

5) Minha estação está em perfeitas condições de funcionamento?
Pequenos procedimentos podem manter sua estação dentro dos parâmetros ideais de operação. Por exemplo, contatos de bateria de HT devem ser limpos com o auxílio de uma pequena borracha, do tipo usado em lapiseiras. Já em conectores de antena e de microfones externos, deve ser usado um spray anti-oxidante, do tipo limpa-contatos. Eventuais maus-contatos de instalação elétrica e conexões de aterramento também devem ser verificados e corrigidos.

6) Conheço as freqüências dos serviços de segurança pública?
O saudável hábito de “corujar” outros segmentos do espectro de rádio pode favorecer o descobrimento das freqüências operacionais de outros serviços, inclusive as dos organismos de defesa civil e segurança pública (V. Freqüências de Emergência). O intercâmbio de informações entre colegas radioamadores também é importante fonte de referência. No caso específico dos serviços de segurança pública, a lei faculta aos radioamadores licenciados praticar escuta das mesmas, desde que não provoquem interferências nem divulguem o conteúdo das transmissões ali ouvidas. Convém elaborar uma tabela contendo tais freqüências, além de tê-las nos bancos de memória do equipamento de escuta, para eventuais consultas e reposição, no caso de ocorrer um reset no rádio.

7) Conheço o raio de alcance dos repetidores da minha região?
O alcance e as eventuais zonas de sombra/silêncio dos repetidores de sua região podem ser avaliadas durante eventuais passeios, contestes e operações portáteis. Convém anotar tais resultados, observando-se condições de boa e má propagação. As zonas de sombra, isto é, locais de difícil e até mesmo impossível acesso à entrada de repetidores, frequentemente “aparecem” nas encostas de morros ou em meio a muitas edificações. No caso de operar um HT, não deixe de buscar a melhor visada possível, isto é, o melhor posicionamento “visual” em relação ao repetidor, e de basear-se no melhor sinal de recepção. Na maioria das vezes, isso determina uma boa transmissão.

ENCARANDO UMA EMERGÊNCIA
Neste capítulo, trazemos uma coletânea de procedimentos preliminares, fruto de nossa própria vivência, da colaboração de colegas experientes no tema e da compilação de artigos especializados. Apesar de não serem conselhos absolutos, pois cada caso requer um comportamento distinto, estes são procedimentos consagrados e adotados internacionalmente.
- ESCUTE, antes de efetuar qualquer transmissão... sempre! Lembre-se que o tráfego prioritário deve ter preferência sobre todos os demais. JAMAIS interrompa esse tipo de tráfego.
- NUNCA se adentra à freqüência de operações, para fazer perguntas como: “O que está acontecendo? Como está a situação, na cena do desastre? Posso ser útil?” (Aliás, esta última pergunta tem sido a campeã, em operações por nós acompanhadas...). Em nossa opinião, quem mais ajuda é aquele que menos atrapalha! Quando houver necessidade de ajuda, tenha certeza de que o coordenador da rede não hesitará em pedi-la, principalmente se a sua estação já tiver sido credenciada, na freqüência de adesão. Como o próprio nome já diz, trata-se de um canal onde se credenciam as estações dispostas a entrar na operação.
- ORGANIZE-SE. Temos notado que, logo nos primeiros momentos de uma emergência, muitos são os que se apresentam para ajudar. Porém, com o passar das horas, chegam a faltar operadores substitutos. Além disso, o estresse das primeiras horas de operação pode desarticular uma rede de maior duração. Lembre-se que, dependendo da gravidade da situação, uma rede pode permanecer “no ar” por dias seguidos. Uma seqüência de turnos e horários é necessária para não haver sobrecarga dos operadores. Lembramos que eventuais auxílios de fim de semana são completamente dispensáveis!
- RESPEITE o axioma: o êxito dos trabalhos da rede dependerá diretamente da observância de uma férrea disciplina! O radioamador responsável pela coordenação deve ser a autoridade máxima.
- DISPONHA-SE. Quando oferecer seus serviços ou equipamentos à rede, não espere que alguém vá até você. É sua obrigação levar a oferta até o local determinado pela coordenação, pois todos devem estar sobrecarregados com outras tarefas.
- IDENTIFIQUE. Todo equipamento emprestado deverá trazer etiqueta, contendo a identificação de seu proprietário. Isso evitará extravios, no final das operações.
- NUNCA se apresente à rede sem a identificação completa de sua estação. Além disso, em operações desse tipo, devem ser evitadas as gentilezas dos comunicados usuais, que só tomam o precioso tempo da rede.
- USE linguagem compatível com o procedimento da rede. Sendo formada por voluntários, ela pode abrigar colegas que desconhecem tais procedimentos. Logo, o exemplo de sua estação é imprescindível, na execução dos serviços. O uso de códigos deverá ser reduzido a um mínimo necessário, objetivando maior clareza nos comunicados. Muito falatório pseudo-técnico deve ser substituído por mensagens curtas e significativas.
- MANTENHA A CALMA. Por mais desesperadora que seja a situação, não demonstre insegurança. O momento exige lucidez, ações coordenadas e atitudes eficazes. Não transpareça nervosismo. Se você não aprovar a conduta de algum colega, ou se a operação estiver evoluindo a seu contragosto, evite manifestar-se. Espere por uma posterior avaliação em grupo, desde que tais fatos não venham a comprometer a operação. Nesse caso, seja objetivo e aponte a suposta falha, polidamente.
- PROCURE montar uma boa base de operações, cercando-se de outros meios de comunicação e informação (p.ex.: telefone, fax, equipamento de escuta AM-FM, mapas da região etc). Muitas vezes, programas informativos trazem informações oportunas e válidas para a rede. Ademais, organize uma agenda de telefones estratégicos, de organizações e pessoas que possam fornecer equipamentos e facilidades especiais (p.ex.: ferramentas, veículos especiais, guinchos, contatos em serviços públicos e de segurança etc ).
- PROVIDENCIE baterias ou fontes alternativas de energia. No caso de dispor de apenas um HT em sua estação, procure operá-lo com fonte externa, poupando carga para um eventual deslocamento. Faça revisão constante das baterias, mantendo-as sempre carregadas.
- EMPRESTE seus conhecimentos. Situações específicas exigem conhecimentos específicos, que só profissionais ou pessoas treinadas podem compreender e administrar corretamente (ex.: num naufrágio, seria escolhido um radioamador experimentado em atividades marítimas ou que tenha vivência de mergulho, navegação etc.).
- DESCONFIE de sua memória, por mais prodigiosa que ela seja. Cerque-se de papel e canetas em abundância. Preferencialmente, anote tudo o que for transmitir e as mensagens que recebeu, acrescentando horário e procedência dos comunicados.
- TRABALHE em equipe. Tarefas estabelecidas para uma determinada estação não devem ser “atravessadas” por outros operadores (ex.: no caso de ser solicitada uma ligação telefônica, ninguém mais deve fazê-la a não ser a pessoa incumbida da tarefa.).
- EVITE invadir a seara alheia. Em operações conjuntas (Polícia, Bombeiros etc.), o radioamador deve ater-se unicamente à sua função: fazer comunicados e apoiar tais serviços. Nunca envolver-se em outras atividades, para as quais não está preparado e que não estejam no âmbito de suas atribuições (ex.: fazer curativos e / ou remover feridos).
- ATENTE para o perigo existente ao transmitir seqüências de algarismos. Utilize somente o código numérico internacional. Exemplo clássico é o do número zero, que erroneamente é codificado como “NEGATIVO”, quando a forma correta é “NADA”.
- TENHA o cuidado de não repetir em demasia o que as outras estações transmitiram. Diga simplesmente : “QSL“, quando tiver anotado corretamente as mensagens.
- VEICULE toda informação não-prioritária em freqüência alternativa (ex.: atualização de informações, sugestões etc.).
- DESPREZE eventuais molestadores dos trabalhos. Use de tato, para isolar e deslocar perturbadores propositais, ignorando sua presença. Quanto menos atenção receberem, mais cedo desistirão de molestar.
- MODULE calma e pausadamente, para que sua voz seja ouvida com clareza. Recomenda-se posicionar o microfone obliquamente em relação à boca, evitando desagradáveis ruídos de respiração e sopros.
- EVITE desperdício de potência irradiada, usando apenas o necessário para ser bem copiado pela rede e /ou acionar o repetidor. Um recurso válido para economia de baterias é desativar algumas funções não essenciais de seu equipamento, tais como: luz de painel, “beep“ de cortesia etc. É aconselhável ainda a ativação da função economisadora de bateria, disponível em vários equipamentos atuais.
- DESOCUPE o quanto antes a freqüência da rede, buscando ser o mais objetivo possível, além de evitar desgaste excessivo de bateria. Para ter certeza de ser bem copiado, procure o melhor ponto de recepção da estação coordenadora; assim procedendo, é quase certo que será bem ouvido pela coordenação.
- POSICIONE-SE onde a operação requerer sua presença. Pouco adianta querer ajudar desde o conforto de seu lar, quando inúmeras posições devem ser guarnecidas.
- ESTAÇÕES MÓVEIS são muito úteis, mesmo quando o local da emergência está distante. A oferta de transporte será sempre bem-vinda, bem como a cobertura de zonas de silêncio; tarefas adequadas para operadores munidos de equipamentos móveis.
- DURANTE a operação móvel, não esqueça que a bateria de seu veículo necessita ser recarregada. Se possível, evite consumo excessivo da mesma, mantendo apenas a iluminação mínima indispensável à segurança e desativando sistemas supérfluos do automóvel. Quando estacionado, deve-se acionar o motor periodicamente, a fim de recarregar o que foi despendido durante a operação do rádio. Uma bateria de reserva também é recomendada, principalmente em longas permanências no local. Por precaução, procure posicionar seu automóvel em pontos altos do terreno. Assim, é mais fácil empurrá-lo, se a bateria falhar.
- LEVE consigo alguma comida e água. A própria condição emergencial da operação exige tais providências. Alimentos que dispensem refrigeração e cozimento são os mais adequados.
- LEMBRE-SE que, mesmo em redes de emergência, comunicados originados de estações móveis e portáteis sempre terão prioridade sobre os demais.
- CABERÁ ao coordenador da rede, ao caracterizar-se a emergência, requisitar o uso exclusivo de repetidores e / ou freqüências adequadas à operação.
- OPERE seu HT de modo a conseguir ótimo desempenho e maior autonomia possível. Muitas vezes, devido à sua agilidade operacional, se gasta a energia desnecessariamente, fazendo com que venha a fazer falta num momento crucial.
- CONSCIENTIZE-SE de que, num contexto de emergência, podem ocorrer diversas situações simultâneas, que requerem uma rápida avaliação para o discernimento da prioridade na comunicação. Por exemplo: durante uma inundação, surgem - ao mesmo tempo - situações de afogamento, de resgate de populações ilhadas, de feridos, de óbitos etc. O operador deve priorizar o caso mais urgente (no caso, o afogamento), pois nele existe iminente risco de vida.



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